quarta-feira, 30 de março de 2011

OGX vai investir US$ 2 bi e prepara início de operação do primeiro poço

Empresa de petróleo do grupo de Eike Batista trabalha com um plano arrojado de chegar a 2020 com uma produção de 1,3 milhão de barris por dia
Kelly Lima, de O Estado de S.Paulo

RIO - Com previsão de investimentos de US$ 2 bilhões e às vésperas de iniciar sua produção no País, a OGX, braço de petróleo do empresário Eike Batista, pretende deixar para trás a pecha de "empresa de papel". Agora, tem como principal desafio a manutenção de seu portfólio e a expansão de suas reservas. A previsão é de chegar a 2015 com uma produção de 700 mil barris por dia e de 1,3 milhão em 2020.
"A atividade petroleira é como andar de bicicleta: se parar de pedalar, não anda", disse, em entrevista à Agência Estado, o presidente da companhia, Paulo Mendonça, executivo que Eike Batista foi buscar na área de exploração e produção da Petrobrás. A estratégia foi adotada para formar quase todo o "time" da empresa, composto por 250 funcionários diretos e 6 mil terceirizados.
O executivo, porém, faz críticas à Agência Nacional de Petróleo (ANP). Segundo ele, com as descobertas do pré-sal, os leilões da agência deixaram de oferecer boas áreas marítimas. Além disso, o novo modelo de partilha, que estabelece a Petrobrás como operadora única destoa das intenções da OGX.
"Não podemos nos submeter a essas regras. Não há nenhum time melhor do que o nosso hoje no Brasil, capaz de indicar os melhores lugares para perfuração.
Pode haver igual, como é o caso da Petrobrás. Mas nossa empresa tem esse corpo de engenharia e quer utilizá-lo como empresa de exploração", diz.
Na opinião de Mendonça, há um processo em suspenso de todas as grandes companhias. "As empresas de exploração e produção começam a rever seus planos, porque não têm como se submeter a essas regras, a não ser empresas pequenas."
Os investimentos deste ano virão principalmente para sustentar a campanha exploratória, que prevê 35 poços - a metade de todos já feitos pela indústria privada no País desde a abertura do setor de petróleo, em 1998.
Também vai atender ao início do teste de longa duração da área de Waimea, na Bacia de Campos, onde as previsões indicam reservas de 900 mil barris. A área vai receber o primeiro de cinco navios-plataforma já contratados no mercado pela OGX, com capacidade para 80 mil barris por dia.
Caixa. Segundo o diretor financeiro da empresa, Marcelo Torres, há caixa suficiente para bancar os investimentos da companhia até meados de 2012. A OGX encerrou 2010 com R$ 4,8 bilhões, ou US$ 2,9 bilhões. "Mas estamos com um capital de R$ 40 bilhões e ainda zerados de dívida, com uma ampla margem de alavancagem, além dos recursos que virão com a entrada em produção do primeiro campo."
A empresa, diz ele, está de olhos em áreas para fazer novas aquisições de fatias em blocos já sob concessão de outras empresas (conhecido no jargão do setor como farm-in), e se prepara para disputar que forem ofertadas no próximo leilão da ANP.
Classificada pela agência como operadora do tipo B, a OGX não pode ser operadora em águas profundas. Para isso, teria de ter experiência na área exploratória. "Nosso quadro de pessoas físicas tem muito mais experiência que muita empresa, mas nossa pessoa jurídica só conquistaria esse título com o tempo", diz o diretor de Produção da OGX, Reinaldo Belotti, destacando que a empresa busca reverter esse quadro já para o próximo leilão.
Belotti destaca que o grande revés de não ter novas áreas sendo oferecidas no Brasil é que a empresa deverá buscar fora do País novas oportunidades, a exemplo do que já fez no ano passado, quando adquiriu cinco blocos na Colômbia.
"É uma pena para o Brasil, vai ser uma inteligência que foi desenvolvida aqui, dentro dos quadros da Petrobrás, mas que vai ser aplicada em outros países. Nós vamos crescer, mas vamos crescer em outros países. Isso é uma grande dor de cotovelo."

Contribuição de Rafael Atila-Estudante de Engenharia Mecânica do Unileste

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