sexta-feira, 11 de março de 2011

Perguntas e respostas sobre a UNE e o movimento estudantil

 O que é o movimento estudantil?O movimento estudantil é composto por uma rede de entidades civis de caráter público que representam os interesses e as opiniões de uma importante parcela da sociedade. Estes se reúnem em torno de Centros Acadêmicos (CAs), Grêmios Estudantis, Executivas de Curso, Diretórios Central dos Estudantes (DCEs), entidades estaduais, a UNE, a UBES e as organizações continentais, como a OCLAE (Organização Caribenha e Latino Americana dos Estudantes). Quanto mais esse espaço político for aprimorado, melhor será a dinâmica da democracia e maior será a capacidade dos jovens para reivindicar seus pontos de vista.

 O que é a UNE e qual é a sua atuação?A UNE é a entidade máxima de representação dos estudantes universitários. Uma bandeira que resume a atuação da UNE nos seus 69 anos de vida é a luta pela educação pública, gratuita e de qualidade. Isto não significa, entretanto, que o papel da entidade se resume às questões estritamente educacionais. Tradicionalmente, a UNE sempre participou ativamente dos principais acontecimentos da vida política do país. Por meio de diversas frentes de atuação, ela organiza a rede do movimento estudantil, cobra do poder público e busca mobilizar os jovens para participar e influenciar os rumos da educação e do país. A UNE é respeitada também internacionalmente, integrando a diretoria executiva da OCLAE e participando de inúmeros fóruns internacionais, como o Festival Mundial da Juventude e o Fórum Social Mundial, em ambos como co-organizadora.

Curiosidade: o Brasil é um dos poucos países no mundo a ter uma entidade única, com força suficiente para unir o conjunto dos estudantes universitários. Na grande maioria dos países, o movimento dos estudantes é pulverizado, fragmentado em várias organizações. Aqui, as diferentes forças políticas e correntes de pensamentos que atuam no movimento estudantil se reúnem e se organizam, de forma plural e democrática, na União Nacional dos Estudantes.


 Como a UNE obtém recursos e como eles são investidos?Disposição e entrega são indispensáveis para o movimento estudantil, mas, obviamente, também são necessários recursos materiais para viabilizar as atividades. Ex: imprimir panfletos, cartazes, contratar pessoal (advogados, jornalistas, pessoal de escritório), alugar carros de som, enviar representantes às comissões de educação no Congresso Nacional, organizar eleições, encontros, campanhas e manifestações.

A partir dessa demanda, a UNE obtém recursos de diversas maneiras. A principal delas é a contribuição voluntária dos estudantes por meio da carteirinha que garante o direito à meia-entrada. Outra forma são os convênios e parcerias firmados entre a entidade e outras organizações, ligadas ou não ao poder público. Estes convênios são destinados à realização de projetos específicos, sempre de notório interesse público. Vejamos alguns exemplos: 1) A Caravana UNE pelo Brasil, que levou o debate sobre a reforma universitária a mais de 25 estados, contou com o apoio da UNESCO; 2) O 49º Congresso da UNE, que reuniu 15 mil estudantes em Goiânia, em agosto do ano passado, contou com o apoio do Governo do Estado de Goiás e das prefeituras locais; 3) O Circuito Universitário de Cultura e Arte (CUCA-UNE), que busca articulação da produção cultural dos estudantes universitários, é viabilizado por meio de edital público do Ministério da Cultura.
 Como participar da UNE?O estudante pode participar da UNE de várias formas. Pela rede do movimento estudantil, no Centro Acadêmico, nas executivas de curso, no DCE da sua universidade. Inclusive, se o seu curso não possui representação estudantil, você e os outros alunos podem criá-la, com a orientação e a ajuda da UNE. Os CAs e DCEs podem também solicitar o recebimento de materiais impressos e ter acesso aos recursos provenientes das carteirinhas. Enfim, qualquer estudante pode e deve divulgar as campanhas e atividades da UNE, participar de debates, passeatas e manifestações. Qualquer estudante também pode participar dos fóruns de deliberação da entidade e pode se candidatar à diretoria da UNE, montando uma chapa para participar do Congresso da UNE, que acontece de dois em dois anos.

 Qual é o formato das eleições na UNE e como é composta sua diretoria?A eleição é realizada de forma congressual, de forma semelhante a que ocorre em outras entidades como a OAB, a CUT e a CNBB. De modo a fortalecer a rede do movimento estudantil, as entidades de base (CAs dos cursos) elegem os delegados, representantes que têm direito a voto no Congresso. As chapas se organizam em teses apresentadas, amplamente discutidas e, finalmente, eleitas na plenária final. A diretoria é composta proporcionalmente na medida exata dos votos que cada chapa obteve na votação.
 Qual é a relação da UNE com os governos e com os partidos políticos?A UNE tem relação institucional e por isso de total independência, seja política ou financeira, diante de qualquer governo ou partido político. Naturalmente, como vivemos em um regime democrático, de normalidade institucional e liberdade partidária, qualquer estudante, representante da UNE ou não, pode ser filiado às agremiações partidárias. Entretanto, tratam-se de espaços distintos, uma vez que a UNE possui sua própria agenda política, com suas atividades e reivindicações, autônomas e independentes diante de qualquer poder constituído. Com efeito, o compromisso da UNE é com o conjunto dos estudantes brasileiros e com os rumos do país.

 A UNE é de esquerda?A UNE é uma entidade plural e que não exige atestado ideológico para os militantes do movimento estudantil. Mas, de fato, é inegável a proximidade, inclusive histórica, com os chamados setores progressistas da sociedade brasileira. Nos seus 69 anos de vida, a única fase em que a UNE esteve sob orientações conservadoras foi em um curto período da década de 1950. Portanto, se adotamos a definição clássica do sociólogo Norberto Bobbio, em que ser de esquerda é lutar pela igualdade, a UNE é, sim, de esquerda, porque é comprometida com o povo e com suas necessidades.

 A UNE apóia algum candidato às eleições deste ano? Honrando sua tradição de pluralismo e independência, a UNE não apoiará nenhuma candidatura no primeiro turno das eleições. Conforme aprovado no seu último Conselho Nacional de Entidades de Base (11º CONEB), que reuniu mais de 3 mil centros acadêmicos de todo país, em Campinas, a UNE apresentará a todas as candidaturas o documento "UNE Brasil".Trata-se de uma plataforma eleitoral com os pontos que o movimento estudantil considera indispensáveis para a construção de um projeto nacional de desenvolvimento. Somente em um eventual segundo turno, com o afunilamento da disputa, a UNE poderá, sim, após ampla consulta aos estudantes, declarar apoio a alguma candidatura. Até então, eventuais manifestações são de responsabilidade pessoal de cada dirigente estudantil. Esta independência, entretanto, não significa apatia ou desinteresse diante do processo eleitoral. O movimento estudantil como um todo repudia e luta contra o retorno da direita e das forças conservadoras que sempre governaram o país.

 Dos anos 1960 até os dias atuais, quem mudou foi a UNE ou os estudantes? Tanto mudou a UNE, como mudaram os estudantes. Mudou o país e, mais acentuadamente, o sistema de ensino brasileiro. Naquela época, para termos idéia, mais de 80% dos alunos estudavam nas universidades públicas, em período integral, com um número reduzido de instituições de ensino e com um montante de cerca de 95 mil estudantes. Atualmente, na sociedade de massas, além do novo perfil do estudante trabalhador, em que a Universidade se resume à sala de aula, mais de 70% das vagas concentram-se na rede privada, em cursos noturnos, sendo que o número de instituições explodiu no último período e temos hoje mais de 4 milhões de universitários. Nestas instituições privadas e recentes, muitas vezes sequer é permitido a organização do movimento estudantil. A bem da verdade, a UNE também mudou, avançou diante de novos desafios, realizando campanhas contra o preço abusivo das mensalidades, incentivando a construção de entidades estudantis, defendendo maiores investimentos na educação pública, realizando caravanas e atividades culturais, como a Bienal de Arte, Ciência e Cultura, resgatando o projeto Rondon. Mas temos que sempre inovar e diversificar ainda mais, principalmente na comunicação com os estudantes, para manter mais viva do que nunca um dos maiores patrimônio do movimento social brasileiro que é a UNE. 

http://www.une.org.br/

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