segunda-feira, 28 de março de 2011

Isaías Raw



Perfil
A serviço da ciência
Pesquisador contumaz, descobridor de talentos e contestador das regras, Isaías Raw é conhecido pela dedicação à ciência e por colocá-la a serviço da população brasileira há mais de meio século. Atual presidente da Fundação Butantan, pólo produtor de vacinas para todo o país, ele é dono de uma trajetória que combina dedicação e genialidade.
O espírito empreendedor surgiu logo no começo da faculdade, em 1945, quando ainda aluno do segundo ano da Faculdade de Medicina da USP, foi convidado por Antonio de Barros Ulhoa Cintra, um dos maiores nomes da medicina brasileira e seu professor, a ministrar aulas de genética para alunos do primeiro ano do curso. 
Era uma época em que a pesquisa médica ainda engatinhava no Brasil e não dispunha de instrumental para grandes avanços. Mesmo com esse cenário, o cientista foi responsável pela introdução da biofísica no currículo do curso de medicina da USP, além de tópicos modernos de bioquímica que até então eram muito distantes da realidade dos alunos.
Paixão pela pesquisa
Curioso e dono de grande talento para a investigação, Raw achou em sua própria casa a motivação para a criação dos kits de química que foram muito populares nos anos 60, 70 e 80. Ele tinha um pequeno laboratório em seu quintal e comprava ácidos e outros componentes em lojas de ferragens, guardados de forma nem sempre organizada. Daí surgiu a ideia de criar uma pequena maleta que pudesse ser vendida, contendo todos os produtos necessários para se trabalhar em casa e ainda os acondicionar, facilitando o transporte e o acesso. 
Contestador e “subversivo” 
Raw ficou conhecido também por seu espírito combativo e contestador, contrário às burocracias. Sua atuação como cientista questionador foi condenada pela ditadura militar, que o considerou subversivo e envolvido com o comunismo. Nessa época, era forte o intercâmbio do professor com os cientistas norte-americanos e europeus, o que fortaleceu a desconfiança por parte da ditadura. Em 1964, durante o governo do general Castelo Branco, foi detido por 13 dias. 
Nem um telegrama de 12 grandes nomes da comunidade científica mundial da época, entre eles sete ganhadores de Prêmio Nobel, mudou a opinião do governo militar a esse respeito. Decepcionado, Raw optar por viver um tempo fora do país. No exílio, instalou-se em Jerusalém, na Universidade Hebraica, e, mais tarde, foi para os Estados Unidos, passando por outras instituições como o MIT (Massachusetts Institute of Technology) e a Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard.
Butantan
Em 1985, de volta ao Brasil, Raw tornou-se presidente da Fundação Butantan, responsável pela administração do Instituto Butantan, fabricante de soro e de cerca de 90% das vacinas consumidas no País. Passou a ser, também, responsável técnico-científico do Centro de Biotecnologia.  Sua preocupação em fazer uma ciência que não ficasse restrita aos laboratórios sempre chamou a atenção de sua equipe. 
É de Raw a responsabilidade pelo Instituto Butantan ter se tornado o grande centro produtor de vacina no país e um modelo para todo o mundo. Além das opções contra difteria, gripe, tétano e coqueluche, é também produzido pelo instituto o sulfactante, substância usada para proteger crianças prematuras e distribuída gratuitamente pelo governo para todas as maternidades públicas do Estado. Aos 82 anos, ainda mantém sua rotina de trabalho no laboratório e não pensa numa aposentadoria.
http://revista.brasil.gov.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...