quinta-feira, 21 de abril de 2011

Copom não vira o disco e eleva Selic em 0,25%, para 12% ao ano



O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu elevar a taxa de juros básica Selic em 0,25 ponto percentual, para 12,0% ao ano, sem viés. Embora não tenha causa surpresa, a despertou revolta em representantes dos empresários ligados ao setor produtivo e dirigentes das centrais sindicais, que na manhã desta quarta-feira (20) realizaram uma manifestação no centro de São Paulo reclamando redução dos juros.
Leia também:
A nota das centrais sobre a nova Selic

A nova taxa reafirma a posição pouco cômoda do Brasil na liderança mundial absoluta dos juros reais altos. Os efeitos sobre a economia são altamente negativos, a começar pelo câmbio. A própria presidente Dilma Rousseff ressaltou que a principal causa da valorização excessiva do real, que tanto prejudica nossa indústria, é a especulação com os juros altos no Brasil.

Redistribuição da renda


É grave também a consequencia sobre as contas governamentais. Os gastos com juros do setor público devem atingir cerca de R$ 230 bilhões neste ano, o equivalente a 5,6% do Produto Interno Bruto (PIB), quase 15 vezes os R$ 15,5 bilhões que o governo federal deve destinar ao Bolsa Família em 2011.

É um aumento considerável em relação aos R$ 195 bilhões de 2010, ou 5,3% do PIB e traduz uma transferência brutal e escandalosa de renda da sociedade para um pequeno grupo de rentistas. A redistribuição da renda é feita com cortes nos investimentos e gastos com saúde, educação, infra-estrutura e salário mínimo, entre outros.

A decisão torna-se ainda mais controversa quando se leva em consideração os impactos depressivos sobre a economia da elevação dos juros, efeito ainda mais preocupante diante dos sinais de desaceleração das atividades produtivas. Em março foram criados apenas 92,6 mil postos de trabalho com carteira assinada, representando uma queda de 71% frente aos 315 mil novos empregos criados em fevereiro.

Desaceleração

Embora o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, tenha associado tal desempenho ao carnaval, que neste ano ocorreu em março, a dimensão da queda sugere que, além disto, a economia já está em desaceleração, o que é sinalizado também por outros indicadores.

A decisão do comitê não foi unânime. Dois diretores queriam um ajuste ainda maior, de meio ponto percentual. O mercado financeiro, que ganha bilhões de reais a cada aumento da Selic, pois esta baliza a remuneração dos títulos públicos, também pressionou no mesmo sentido.

O comentário do Copom:


"Dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu elevar a taxa Selic para 12,0% a.a., sem viés, por cinco votos a favor e dois votos pelo aumento da taxa Selic em 0,50 p.p.

Considerando o balanço de riscos para a inflação, o ritmo ainda incerto de moderação da atividade doméstica, bem como a complexidade que ora envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que, neste momento, a implementação de ajustes das condições monetárias por um período suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta em 2012."

O ritmo de reajuste foi menos intenso que o anunciado nas reuniões de 19 de janeiro e 2 de março, quando a taxa avançou meio ponto em cada reunião. Antes disso, foram três reuniões em que a Selic ficou estável em 10,75%, em 1º de setembro, 20 de outubro e 8 de dezembro de 2010. A próxima reunião do Copom ocorrerá nos dias 7 e 8 de junho.

Da Redação, com agências

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